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Permitam-me umas considerações sobre o mundo.
(Permitam-me? Há mais que uma pessoa, para além de mim, por aqui?
Isto é habitado por algum tipo de ser, peludo ou não? Há aí alguém?)
É por quase ninguém ler o que escrevo, que sinto que posso escrever. Liberdade.Gostava de saber por que razão perco oportunidades, oportunidades excelentes (!), para não comunicar, para me amordaçar e gemer para dentro, para só eu ouvir o lamento. Queria mesmo saber porque não espero, por que quero ver em tudo o fim, e porque estrago tudo, pessoas e objectos, antes de terem sequer tocado nas minhas mãos. Pulverizo à distância e mato insectos, plantas, olhos e tornozelos. E mesmo antes de os matar, assusto-os com o fervor das minhas poucas ideias e custa-me; voam longe do meu alcance e quando finalmente pousam, custa-me muito, apanhá-los e esmagá-los, porque lhes tenha apreço ou amor. Perco tudo, porque quero ter. Vou fingir que não quero ter; que não quero rapar os restos do frasco, que quero deixar um bocadinho para quem vem a seguir. Deixo que me toquem sem dar importância, não espero e não anseio nada. Acontece, se acontecer, ou se não acontecer. Porque se não acontecer, posso ter o consolo de não me preocupar por não ter acontecido, por não ligar nenhuma e depois, na hora de prosseguir não escolher nenhum caminho, e não procurar nada. Deixar que o solo flutue sob os meus pés, imaginar-me fixo, “séde” de mim mesmo, e que tudo se desloque relativamente a mim, sem ter de me mover. Não sou o centro de nada, apenas não me movo, sou discreto e ninguém repara em mim. Mas se reparar, não me queixo. Não me vou queixar, e vou sentir o prazer de olharem para mim. Para mim, entre outros milhares de objectos idênticos, simplesmente porque foi para mim que ela olhou e por mais razão nenhuma. E não quero pensar mais.
(Permitam-me? Há mais que uma pessoa, para além de mim, por aqui?
Isto é habitado por algum tipo de ser, peludo ou não? Há aí alguém?)
É por quase ninguém ler o que escrevo, que sinto que posso escrever. Liberdade.Gostava de saber por que razão perco oportunidades, oportunidades excelentes (!), para não comunicar, para me amordaçar e gemer para dentro, para só eu ouvir o lamento. Queria mesmo saber porque não espero, por que quero ver em tudo o fim, e porque estrago tudo, pessoas e objectos, antes de terem sequer tocado nas minhas mãos. Pulverizo à distância e mato insectos, plantas, olhos e tornozelos. E mesmo antes de os matar, assusto-os com o fervor das minhas poucas ideias e custa-me; voam longe do meu alcance e quando finalmente pousam, custa-me muito, apanhá-los e esmagá-los, porque lhes tenha apreço ou amor. Perco tudo, porque quero ter. Vou fingir que não quero ter; que não quero rapar os restos do frasco, que quero deixar um bocadinho para quem vem a seguir. Deixo que me toquem sem dar importância, não espero e não anseio nada. Acontece, se acontecer, ou se não acontecer. Porque se não acontecer, posso ter o consolo de não me preocupar por não ter acontecido, por não ligar nenhuma e depois, na hora de prosseguir não escolher nenhum caminho, e não procurar nada. Deixar que o solo flutue sob os meus pés, imaginar-me fixo, “séde” de mim mesmo, e que tudo se desloque relativamente a mim, sem ter de me mover. Não sou o centro de nada, apenas não me movo, sou discreto e ninguém repara em mim. Mas se reparar, não me queixo. Não me vou queixar, e vou sentir o prazer de olharem para mim. Para mim, entre outros milhares de objectos idênticos, simplesmente porque foi para mim que ela olhou e por mais razão nenhuma. E não quero pensar mais.